O “corpo de Cristo” tem lúpus eritematoso sistêmico

Antes de justificar essa afirmação, meio chocante à primeira vista, trarei um conceito sobre o que é o lúpus eritematoso sistêmico. Creio que, deste modo, podereis discorrer mais livremente acerca daquilo que proponho.

Conceito: “O lúpus eritematoso sistêmico é uma
doença autoimune do tecido conjuntivo que pode afetar qualquer parte do corpo. Assim como ocorre em outras doenças autoimunes, o sistema imune ataca as próprias células e tecidos do corpo, resultando em inflamação e dano tecidual”.

Tentarei explicar o motivo pelo qual fiz analogia entre o “corpo de Cristo”, o qual sabemos que não é físico; e o lúpus, doença que ataca o corpo físico.
Se for verdade a afirmação de que cada vertente e cada agremiação religiosa dita “cristã” faz parte do “corpo de Cristo”, baseada na passagem bíblica que diz: “Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular.” (I Coríntios 12:27), então posso afirmar, sem medo de errar, que este corpo (e não o corpo realmente descrito no Evangelho) está seriamente acometido de uma doença incurável chamada lúpus que, como vimos acima, faz com que o organismo lute contra as células do próprio corpo.
Refleti acerca dessa questão quando presenciei instituições “cristãs” (portanto, teoricamente, fazendo parte do “corpo de Cristo”) adotando posturas, regras, ritos e ensinamentos que, nem de longe, se parecem com o que foi proposto por Cristo Jesus.
Tentarei comentar na forma de tópicos (sem a pretensão de esgotar o assunto) algumas dessas práticas realizadas pelo que se autodenominou “corpo de Cristo”, porém ferem O Próprio Dono do Corpo. Tenho certeza que não elencarei todas neste texto. Primeiro porque demandaria um exaustivo e prolongado ajuntamento de questões, as quais transformariam aquilo que pretendo que seja uma breve explanação de ideias, em um cansativo emaranhado de argumentos perdidos em meio à prolixidade. Segundo porque nunca fui muito bom de memória, portanto não lembraria agora de todas as coisas que venho presenciado ao longo do tempo.
Quero deixar claro também que creio na individualidade com que Jesus pode falar ao coração de cada ser humano. Portanto, se Ele verdadeiramente ordenar a alguma pessoa que ela entre na igreja sem os sapatos, eu sou a favor de que ela obedeça. Porém creio na particularidade com que Jesus trata a cada um e, por isso, o ato de tirar os sapatos para entrar na igreja apenas servirá àquela pessoa, as demais devem entrar todas com seus sapatos ou sandálias nos pés.
O motivo pelo qual estou dando esse exemplo do sapato? Vou explicar, até porque com esse exemplo posso começar a lista de “agressões”, causadas pelo lúpus, ao Corpo de Cristo (sem aspas agora).
1- Certa feita ouvi uma mulher afirmar que nós poderíamos, inclusive, dar o dízimo do nosso tempo para a obra de Deus.
Não duvido que Deus, um dia, possa ter falado ao coração daquela mulher que ela poderia dizimar seu tempo (e se isso aconteceu, ela deve obedecer). Porém não há nada no Evangelho que sustente o fato de que essa afirmação sirva para todas as outras pessoas. Aquela mulher estava pregando algo que pode ter acontecido em uma esfera particular, como se fosse ensinamento universal. Não se limitando a pregar o Evangelho, conforme ordenou Cristo.
2- Em outra ocasião, um pregador bradou eloquentemente que “devemos ser fiéis nos dízimos, para que não falte mantimento em nossos celeiros”. Na ocasião, eu disse amém! Concordei com tudo o que ele disse, parecia estar ouvindo a “voz de Deus” me exortando a dar o dízimo do meu salário. Tempos depois, como um lampejo de sobriedade em uma mente entorpecida por doutrinas, regras e ritos; parei pra pensar acerca do dízimo e fui estudar o assunto nas Sagradas Escrituras. Constatei que o dízimo, como ordenança divina, foi instituído, principalmente, para o sustento daqueles que pertenciam à tribo de Levi, os quais não poderiam ter posses na terra, por isso eram sustentados com os dízimos das outras onze tribos. Abraão deu dízimo voluntário a Melquisedeque, como forma de gratidão. Portanto, o dízimo, como uma ordenança, era inerente à lei de Moisés, a qual Jesus cravou na cruz (“Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz.” - Colossenses 2:14). Longe de mim dizer que não devemos contribuir para a obra de Deus, porém, se analisarmos o Evangelho (o mesmo que Cristo nos mandou anunciar), veremos que os ministros da Palavra, inclusive o próprio Cristo, não recebiam dízimos, mas sim ofertas voluntárias, as quais muitas vezes eram superiores aos dízimos. Barnabé, por exemplo, era um homem abastado, vendeu tudo que tinha e aplicou na propagação do Evangelho.
Em relação à Malaquias 3:10, onde consta a famigerada passagem “trazei todos os dízimos à casa do tesouro”, podemos ler em Neemias 10:38 que a “casa do tesouro” era uma câmara dentro do templo, onde eram depositados os dízimos dos dízimos (ou dízimos dos levitas): “E que o sacerdote, filho de Arão, estaria com os levitas quando estes recebessem os dízimos, e que os levitas trariam os dízimos dos dízimos à casa do nosso Deus, às câmaras da casa do tesouro.”. Jesus manda os fariseus darem o dízimo, porém, em primeiro lugar, deveriam atentar para o mais importante: juízo, misericórdia e fé (Mateus 23:23). Baseado nessa passagem alguém pode sustentar que Jesus está mandando todos darem o dízimo. Será que é verdade? Se fosse verdade, os leprosos de hoje deveriam se apresentar ao sacerdote e oferecer sacrifícios todas as vezes que fossem curados da hanseníase, pois Jesus mandou um leproso fazer isso, uma vez que a lei de Moisés assim determinava (Mateus 8:4). Jesus disse para eles fazerem as duas coisas, porque ainda não havia derramado Sua Graça e perdão através do Seu sangue na cruz, por isso, tanto Ele quanto os demais, haveriam de cumprir a lei de Moisés, aplicada aos judeus, lei essa que foi aniquilada por Cristo lá no Calvário.
Não vivemos pela lei, mas pela GRAÇA (favor imerecido). Agora, deixem toda a religiosidade de lado e pensem comigo: Por que uma parte da lei de Moisés foi mantida (dízimo) enquanto outra foi cancelada por Cristo e “cravada na cruz” (sacrifício de leprosos curados, ingestão de determinados alimentos, guardar o sábado, sacrificar animais)? Essas divergências são convenientes para o “corpo de Cristo” composto por bens materiais, porém, ferem como lúpus, o Corpo de Cristo feito de corações.

3- Há algum tempo, uma senhora pediu para nós irmos “ungir” a casa dela com óleo, pois ouvia barulhos estranhos e ela experimentava toda sorte de medos e sensações ruins ali naquele ambiente. Lembro que fizemos uma oração, depois enchemos as mãos de óleo e fomos, em duplas, pegando nas paredes, utensílios, móveis, portas, janelas, etc. Note que ela queria o poder de Deus através do óleo. Tínhamos que “ungir” a casa para espantar toda e qualquer casta maligna que lá estivesse. Agora responda: É assim no Evangelho ensinado por Jesus? Vamos ver para que serve o óleo (azeite), segundo a Palavra de Cristo?
- “E expulsavam muitos demônios, e ungiam muitos enfermos com óleo, e os curavam.” (Marcos 6:13).
- “E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele;” (Lucas 10:34).
- “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor;” (Tiago 5:14).
Percebemos que, segundo o Evangelho (repito: o qual Jesus nos mandou anunciar), é ensinado o uso do óleo em casos de enfermidade, e não para a expulsão de demônios. No entanto, algo foi ensinado para os casos onde espíritos malignos tivessem que bater em retirada. Vamos ver quais são os ensinamentos para essa situação?
- "E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios..." (Marcos 16:17).
- "E voltaram os setenta com alegria, dizendo: Senhor, pelo teu nome, até os demônios se nos sujeitam." (Lucas 10:17).
- “...Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E na mesma hora saiu." (Atos 16:18).
Constatamos então que, segundo o Evangelho de Cristo, a própria senhora estava habilitada para, EM NOME DE JESUS CRISTO, expulsar o que quer que estivesse lhe atormentando, ela só não sabia disso, como até hoje não sabe, porque a religião ensina um evangelho em que as pessoas “precisam” precisar de outras, supostamente mais gabaritadas, para exercer uma função de “intermediário” da Graça em suas vidas. A religiosidade prende as pessoas no pacote do evangelho criado e ensinado por homens com mentalidade de crescimento corporativo quantitativo, cheio de normas e criatividades antagônicas às de Jesus. Mas que dão muito certo como marketing multinível, no melhor estilo Herbalife e Noni.
Poderia escrever um livro inteiro acerca dessas “mandingas” anti Evangelho e pró religião. Toalha “milagrosa”, sabonete “milagroso”, copo d’água, cajado da prosperidade, fogueira santa, vela pra santo, sessão do descarrego, pagar promessa acompanhando procissão de joelho, etc. Como se Jesus dependesse de alguma dessas coisas ou desses eventos para agir na minha vida, na sua vida ou na vida de qualquer pessoa.
Agora vou relatar o episódio recente que vi em uma igreja evangélica. Sabemos o quanto evangélicos são contra o “pagar promessas”, geralmente praticado entre os católicos, não é verdade? Inclusive eu conheço um jovem que só pôde cortar o cabelo após os quinze anos de idade, pois era quando terminava a promessa feita pela sua mãe. Até aí tudo bem, mas alguém já viu pastor evangélico pagando promessa? Provavelmente não com essa nomenclatura, porque para os evangélicos, promessa recebe o nome de “voto”. O episódio que vi foi o de um pastor que fez um “voto” de não cortar o cabelo e não tirar a barba, até que chegasse o dia estipulado por ele próprio. Alguém pode me dizer qual a diferença, segundo o Evangelho, entre esse “voto” do pastor e a “promessa” da mãe do jovem o qual mencionei? Humildemente afirmo que eu não sei. Só sei que o “corpo de Cristo” se auto agride, como que sofrendo de lúpus. E lúpus não tem cura, a não ser a divina.

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